O dia que eu senti -128ºC
Não é novidade pra maioria dos meus amigos que eu não funciono bem no calor, talvez sendo de um país tropical tem algo a ver com isso. Eu nunca tinha tido um inverno decente antes de começar a viajar, um dia frio de inverno no Brasil seria uns 10ºC e isso já daria plantão na tv, e eu nem estou brincando. Eu acho que eu só usei luvas e tocas quando eu era um bebê, a gente sabe bem como pais são, e como eles acham que quando a gente é criança a gente deve estar sempre morrendo de frio mesmo se esta uns 100 graus lá fora e meus pais foram assim também, eu não me lembro muito dos meus dias de bebê mas as fotos não me deixam mentir, meus pais costumavam me encher de roupas. Quando eu comecei a falar, ter voz própria e expressar meu ódio pelo calor eu não lembro de usar luvas e cachecóis a partir de então.
Minha primeira ‘experiência no frio’ foi provavelmente no Canadá e que nem foi assim tão frio já que Vancouver não chegar a gelar tanto, mal fica abaixo de 0ºC e nevar também é raro mas quando eu fui em uma montanha para esquiar eu me deparei com -10ºC e como eu animado, mesmo que esquiar não foi uma ação que aconteceu muito por minha parte já que na maior parte do tempo eu tentava me equilibrar pista à baixo, filmagens foram feitas mas eu vou salvar esse post delas.
Já que curto muito viajar eu também curto muito o The Amazing Race, um reality show onde duplas de competidores viajam pelo mundo competindo em provas e no final de cada episódio o último time a chegar no pit stop é eliminado, e o grande vencedor ganha 1 milhão de dólares pra casa, nada mal né? Eu nunca participei do The Amazing Race (ainda) mas eu lembro um dos episódios onde os competidores tinham que passar pela Crioterapia em Praga, que é uma terapia que usa temperaturas muito baixas para tratar de danos ao corpo, basicamente encolhe os vasos sanguíneos e reduz inflamação, dores, inchaço e também aumenta a sobrevivência celular. Eu nunca me machuquei feio ou sentindo dores fortes mas durante minha primeira viagem à Europa eu tinha que experimentar essa Crioterapia.
Eu estava visitando minha amiga Linh em Praga e falei pra ela sobre esse tipo de terapia e ela também se interessou a experimentar, nós fomos ao Kryocentrum que é um pouco afastado do centro da cidade mas não necessariamente muito longe, por volta de uns 40 minutos de ônibus pelo que eu me lembro. Nós chegamos lá de manhã e o lugar parecia meio que uma academia, que na verdade era uma academia. Uma coisa que eu aprendi lendo sobre a Crioterapia é que é bem procurada por atletas então todas as esteiras e equipamentos la faziam sentido. Eles não falavam muito inglês lá o que não tem problema, e com minha amiga tcheca ajudou bastante.
Eles nos levaram pra sala com a câmera de Crioterapia onde eles explicaram como o procedimento aconteceria, já que eu tinha visto na tv antes eu lembro que os competidores que tinham que passar por essa tarefa somente vestiam trajes de banho. Também nós deram luvas, faixa pra cabeça, chinelos e uma máscara facial. Eles salientaram que como nós éramos novos com a Crioterapia só podíamos ficar 2 minutos dentro da câmera (atletas e gente já acostumada com a Crioterapia podem ficar lá por até 5 minutos) e a gente nunca podia parar de andar em círculos lá dentro. Nós nos vestimos e fomos escadas a baixo pra dentro da câmera. Eu vou pular a parte óbvia porque -128ºC é realmente frio mas durante esses 2 minutos congelando eu tentei perceber como meu corpo estava reagindo com essa experiência toda, na metade dos 2 minutos eu me senti como se tivessem agulhas furando minha pele e um tipo meio que de alivio (se isso parece ser possível com tanto frio), como se meus poros estivessem sendo limpos, eu não consigo colocar em palavras, eu só me certifiquei que eu estivesse sempre andando em círculos com minha amiga.
E antes que a gente se deu conta a sirene tocou, os 2 minutos já eram. Um minuto mais ou menos depois que eu tinha saído eu comecei a soar um pouco mas o suor secou bem rápido, e mandaram a gente pra sala de exercícios onde mandaram a gente pedalar na bicicleta por pelo menos 10 minutos se eu me lembro bem. Eu lembro que até pedalei por mais tempo e eu nem sei o porquê, talvez fosse a empolgação. Eu tomei um banho depois e estava pronto pra partir pro centro da cidade. A equipe toda do Kryocentrum talvez não estavam acostumados a ver estrangeiros lá então a gente conversou um pouco e um dos funcionários nos perguntou onde a gente tinha ouvido falar do lugar e quando eu falei pra ele que eu tinha visto uns anos atras na tv ele ficou com aquela cara de surpresa que você pode imaginar.
A Crioterapia e o uso da sala de exercícios custou uns R$ 50 o que eu acho que teria sido mais se a nós tivéssemos ido pra alguma parte mais turística da cidade pra fazer essa terapia.
Eu não era muito de viajar mas agora que comecei não quero mais parar. No Can I Pack? eu tento compartilhar como eu faço para minhas viagens darem certo já que viajar não deveria ser complicado.