Quanto que a barreira do idioma pode atrapalhar sua viagem?
Eu não li muito sobre esse assunto pela internet mas eu acho que é algo muita gente teme um pouco quando vai planejar uma viagem e ainda mais, eu realmente acho que tem gente que até muda o destino pelo medo de a barreira linguística atrapalhar muito a viagem. Pra começar eu acho que a barreira do idioma é muito interessante, ou talvez o idioma em si, é uma grande parte da característica de uma certa cultura e sem ela viajar não é o mesmo. Eu entendo a frustração que algumas pessoas tem (ainda mais gente que só fala um idioma fluentemente) quando querer se virar sem falar um idioma que poderia possivelmente ajudar.
Eu vejo isso por exemplo nos meus pais, quando eles vierem me visitar em Vancouver e não conseguiam falar inglês, o que foi até engraçado de se ver mas também interessante que essa barreira do idioma pode ser superada se ambas as partes estão dispostas. Até depois dessa viagem meu pai começou a ter aulas de inglês and espera testar o inglês viajando pra qualquer país onde se fala inglês. Mas uma coisa é certa, se ambas as partes estão dispostas a conseguir se falar elas se entender, e isso é ainda mais legal de se ver acontecer. Só mostra que as diferenças sociais, culturais, religiosas e de qualquer outra natureza são ultrapassadas e desnecessárias.
Durante minhas viagens eu já me deparei bastante com a barreira do idioma o que eu aprendi a compreender e me virar, sem falar que a linguagem corporal como muita gente já diz, pode dizer muito, nos dias de hoje muitas cidades turísticas estão bem preparadas para receber estrangeiros então provavelmente não vão haver nenhuma dificuldade de comunicação, por isso que eu gosto tanto de viajar para lugares mais desconhecidos. Também a barreira do idioma significa uma língua nova que você vai acabar aprendendo uma palavra ou outra.
A Alemanha foi o primeiro país que eu já estive onde eu não conhecia o idioma, apesar de todos meus amigos alemães falarem um inglês muito bom eu ainda gosto de observar as pessoas e como elas se comunicam. Pra falar a verdade observar o comportamento estrangeiro é algo que eu realmente presto atenção, e na maioria das vezes sem mesmo perceber. Eu gosto de ver como as pessoas conversam, seus gestos, postura, velocidade que falam e por aí vai. Eu não quero dar uma de psicólogo aqui mas eu subconscientemente me pego as vezes notando tantos detalhes sobre as pessoas que as vezes até me espanta, não de uma forma medonha.
Eu posso dizer que a vez que eu enfrentei a maior barreira do idioma na primeira vez que viajei para a Rússia. Eu tinha ouvido todo tipo de comentário idiota de pessoas como ‘Russos não são amigáveis’, ‘Eles não falam inglês’, ‘Não vai pra Rússia’ e alguns comentários racistas que não vale nem a pena mencionar aqui. Enfim, eu viajei para a Rússia pela primeira vez para uma cidade nada turística, Vladivostok, por que eu escolhi ela? Eu já estava de passagem visitando Seul que é apenas umas 2 horas voando de lá e eu sempre quis ver a Russia e ainda mais conhecer os russos. Eu tinha comprado as passagens e iria ficar la por 5 dias que eu no início achei que seria uma década, mal eu sabia que estava errado. Eu cheguei em Vladivostok e pela minha pesquisa antes de chegar sabia que eu tinha que pegar um ônibus pro meu albergue mas eu não tinha ideia de onde o ônibus partiria ou seu nome, e mesmo se eu soubesse eu não conseguiria ler o nome provavelmente. Eu tentei perguntar pra um casal de russos que estava no mesmo voo que eu vindo de Seul ‘vocês falam inglês?’, ‘NÃO’, o balcão de informações do aeroporto também não sabiam muito me informar mas do nada apareceu esse russo que estava no mesmo voo que eu vindo de Seul e veio ao meu resgate e disse ‘Eu falo ingles e posso te levar até seu albergue’. Isso é como os russos são ‘não-amigáveis’, o cara me dirigiu durante uma tempestade que estava caindo e me deixou literalmente na porta da frente do albergue e me deu seu cartão falando ‘não pensa duas vezes em me ligar se você precisar de ajuda aqui em Vladivostok’, eu fiquei pasmo e chocado de isso ter acontecido na minha primeira hora na Rússia.
Eu fiz check-in no albergue, que só tinha russos morando la e não falavam inglês, com sorte tinha uma placa imensa na entrada com a senha do wifi, eu estava feito, eu poderia conversar com eles! Mas resumindo, do segundo dia em diante eu mal usava o Google pra traduzir minhas conversas com eles, a gente se falaria por gestos, algumas palavras que a gente conhecia (eu falando umas 5 palavras em russo que eu sabia e eles tenteando falar algumas palavras em inglês) e apontando bastante também. Meu primeiro dia no albergue eu estava tão cansado que eu dormi bem cedo mas do segundo dia em diante eu comecei a conhecer as pessoas morando la e antes do dia acabar eu sabia que aqueles 5 dias em Vladivostok que eu achava que seriam uma década na verdade iriam passar voando. Em uma das manhãs eu fui acordado pela neta da dona do hotel que não falava uma palavra em inglês e eu não falava nada em russo mas a gente se deu tão bem que até tiramos umas selfies.
Eu entrei em contato com alguns russos pelo Couchsurfing e fiquei animado por ter feito isso, eles eram extremamente simpáticos, eles mandavam mensagem uns para os outros se certificando que sempre teria alguém deles pra me mostrar a cidade e me levar pros lugares e em geral se certificar que eu estava me divertindo. Eu fui até parado nas ruas algumas vezes por russos curiosos por saber de onde eu era e se eu estava curtindo a Rússia e etc. E aquela história que russos são ‘não-amigáveis’, hein?
Isso também é outra coisa que vem junto com esse receio que as pessoas tem sobre a barreira do idioma, pré julgamentos e na maioria das vezes sem sentido e idiotas. Eu fui pra Rússia sem esperar muito de início e saí de lá depois desses 5 dias bravo comigo mesmo por não ter ficado mais tempo. A barreira do idioma lá foi mínima, na maioria do tempo que eu falava com algum nativo de lá a gente apenas usava a linguagem corporal e gestos que provam que a barreira do idioma é algo que pode ser sempre superado.
O engraçado foi quando eu fui pra Nova Zelândia depois de visitar a Rússia e Seul e senti que algo tava falando, um tipo de entusiasmo e foi quando eu percebi, a barreira do idioma não é tão ruim no final das contas.
Eu não era muito de viajar mas agora que comecei não quero mais parar. No Can I Pack? eu tento compartilhar como eu faço para minhas viagens darem certo já que viajar não deveria ser complicado.